«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

segunda-feira, março 13, 2006

Acabou-se

al-hamdu lillah! O blog acabou!

e acaba como começou:

O Palácio do Balcões

Saúda, por mim, Abu Bakr,
os queridos lugares de Silves
e diz-me se deles a saudade
é tão grande como a minha.
Saúda o Palácio dos Balcões,
da parte de quem nunca o esqueceu,
morada de leões e gazelas
covis de sombras onde
doce refúgio eu encontrava
entre ancas opulentas
e tão estreitas cinturas.
Mulheres brancas e morenas
que em minha alma
faziam o efeito de espadas refulgentes
e das escuras lanças!
[...]

Al-Mutamid, Rei de Sevilha, Séc.XI

O Palácio dos Balcões (Ksar Ash-Sharajibe) é a âncora dos Orientes sonhados. É o paradigma máximo dos contos de mouras encantadas, de nascentes douradas por canções mouriscas. É a recordação desse povo que veio alegrar uma península acabrunhada, que nos apresentou à poesia, à música, à dança, que nos trouxe mulheres escuras e de cinturas finas, que nos iluminou com os sábios gregos e o sofismo oriental.O mítico Palácio dos Balcões, em Silves, é o farol de um mundo imenso. De Marraquexe a Calecute, de Atenas a Nanquim.

Estou farto do meu blog

Estou farto do meu blog. Já me chateia um bocado esta história.

Tudo isto me parece onanismo intelectual, auto-satisfação descartável pelo facto de conseguir que alguém leia as minhas opiniões. Talvez publicidade encoberta a uma certa vaidade de expressão.

Começo a achar que apenas um blog colectivo de afirmação de uma ideia ou de uma projecto político poderá ter relevância. Tudo o que tenho feito por aqui não passará de ostentação e auto-contemplação.

Por tudo isto, o próximo post será o último. Irei mesmo retirar o blog do ar, é só uma questão de descobrir como é que posso fazer um arquivo seguro dos meus posts todos.

Sim, eu sei que não estou sozinho neste blog. Há o meu irmão, que se auto-intitulou delgadito apesar de ser maior que eu, mas que pouco aqui escreveu e que há-de aceitar a minha decisão unilateral pacificamente... julgo, aliás, que terá uma opinião parecida com a minha.

Entretanto, se houver voluntários para participar num meio de expressão política colectivo, estou aberto a propostas em joao.pedro.delgado@netvisao.pt.

Finalmente!

sábado, março 11, 2006

Conseguiram matar Milosevic

E agora? Quem é responsável?

Fica aqui uma descrição de uma das últimas sessões do suposto tribunal, em que Milosevic insistentemente pedia uma pausa para ser tratado.

sexta-feira, março 10, 2006

La Haine

quinta-feira, março 09, 2006

Copiar sucessos...

Durão Barroso quis seguir o modelo de desenvolvimento Irlandês. Desregulamentou a segurança social e desprotegeu os trabalhadores do ímpeto lucrativo das confederações patronais. Porque a Irlanda fez, e aparentemente resultou...

Esqueceu-se foi de copiar a Irlanda naquilo que os próprio irlandeses consideram ser a chave do seu sucesso: o ensino gratuito até ao nível dois de ensino superior, ou seja até à Licenciatura.

Mas qual sucesso? Quem já foi à Irlanda e viu gente com 70 anos a trabalhar em caixas de supermercado porque a reforma lhe foi tirada subitamente, quem já viu gente doente a varrer as ruas de Cork porque de repente lhe foi retirado o suporte social para medicamentos, entre tantas outras misérias que, em nome do desenvolvimento das empresas, da competitividade e da flexibilidade, se vêem na Irlanda de hoje em dia, percebe que o sucesso talvez seja apenas aparente. Acredito que haja algum sucesso de empresas irlandesas nos mercados de capitais; acredito que os seus indicadores económicos vão de vento em popa. Mas a realidade, essa não está representada em quaisquer indicadores e, depois de ir lá, sei bem que não trocava o meu sub-desenvolvimento português pelo suposto desenvolvimento irlandês.

Mas isso são outras histórias.

Hoje Sócrates tem outro modelo: o Finlandês. O que será que vai copiar? Será que vai ter a coragem de trazer o que em baixo descrevo para Portugal?

retirado do briteiros:

"Como referimos aqui, a Finlândia é a campeã do mundo da educação. Independente desde 1917, após oito séculos de domínio sueco e um século de domínio russo, a educação foi sempre um dever nacional, para resistir ao niilismo. Hoje, mais do que nunca, para alimentar uma economia de ponta, que exige engenheiros altamente qualificados, o país faz tudo para dar boas condições aos seus alunos: a escola é gratuita, bem como os transportes escolares e os almoços. Os horários são suaves: as aulas começam às 8 horas e terminam às 13. A escolaridade é obrigatória dos 7 aos 16 anos e o abandono escolar é praticamente inexistente.Quanto, apesar de todos os esforços, aparecem casos de insucesso escolar, nem pensar em fazê-los repetir o ano, prática demasiado estigmatizante e contraproducente. Um problema de dislexia, uma estagnação na matemática, uma timidez paralisante, ou simplesmente o facto de falar mal finlandês? Neste caso, professores especializados, dois ou três por estabelecimento, ocupam-se destes alunos em aulas particulares, dando assim uma mãozinha ao professor da classe.

À semelhança dos alunos finlandeses, também os professores não se podem queixar. Especializados ou não, frequentaram todos cinco anos de estudos superiores, no mínimo. A formação contínua é obrigatória ao longo da vida e fora do horário de trabalho. A profissão é apreciada, não tanto pelos salários modestos (entre 2200 e 3000 euros mensais), mas pelo reconhecimento social e pelas boas condições de trabalho. Nos estabelecimentos escolares, a sala dos professores revela um luxo de fazer empalidecer de inveja os seus colegas portugueses. Trata-se duma espécie de quartel general, que agrupa a administração, o gabinete do director, a grande sala comum com mesas e sofás confortáveis, plantas, café, bolinhos... Há mesmo um vestiário, canto de cozinha, sala de informática e sala de trabalho, para aqueles que preparam as aulas na escola.Já estamos a imaginar os mais críticos a perguntarem-se: pois é... mas quanto é que tudo isso deve custar? Pois bem: as despesas finlandesas na educação não são superiores às nossas. O dinheiro é que é utilizado de modo diferente. O sistema é completamente descentralizado. O Ministério da Educação conta com uns escassos 300 funcionários. Os estabelecimentos escolares são financiados, em pouco mais de metade, pelo Estado e, no restante, pelos orçamentos das 446 autarquias finlandesas. O director e os professores decidem tudo: as compras, os trabalhos a realizar, as actividades dos alunos. São também eles que definem os conteúdos e os programas nas diferentes matérias, em concertação com as autarquias, dentro do âmbito alargado dos programas fixados pelo Ministério todos os quatro anos. Outra heresia, vista de Portugal, a escola encarrega-se do recrutamento dos professores. A ideia que um professor possa, como aqui, cair de paraquedas num estabelecimento, sem ter sido escolhido pela equipa dos professores locais parece ser no mínimo absurda. Quando aparece uma vaga, o director recebe directamente dezenas de candidaturas que convoca para entrevistas. O candidato escolhido deverá ter os mesmos objectivos do resto da equipa, para melhor trabalharem em conjunto.
Numa altura em que o “modelo nórdico” paira sobre as ambições dos nossos políticos mais destacados, e em pleno período de preparação do próximo ano lectivo, talvez não fosse má ideia começarmos a reflectir sobre a melhor maneira de fazer evoluir o nosso controverso sistema escolar, com base em exemplos de sucesso."

segunda-feira, março 06, 2006

Cartoons

Como um muçulmano vê a disparatada crise dos cartoons, e como ele é bem mais racional que Freitas do Amaral.

http://www.latimes.com/news/opinion/commentary/la-oe-momand9feb09,0,2686213.story?coll=la-news-comment-opinions

quinta-feira, março 02, 2006

Democracia

Não reconheço a Espanha como um estado democrático por uma razão fundamental: o detentor do poder político máximo, aquele que pode dissolver a assembleia, aquele que pode demitir o governo, enfim aquele que pode mudar o regime político se assim o entender, não é votado pelo povo, mas antes escolhido por herança de sangue - o Rei.
É certo que o actual Rei é uma pessoa razoável, que opta por não exercer a sua força de mais alto magistrado, que lutou pelo politicamente razoável status quo e que nunca alteraria o regime no sentido da concentração dos poderes. Mas a verdade é que isso não é garantido para os próximos reis, não é garantido para a generalidade das pessoas que ocuparão esse cargo no futuro, já que o cargo é vitalício e não sujeito a plesbicito universal (como em Portugal, por exemplo, em que o magistrado máximo, detentor do poder político máximo, é votado a cada cinco anos pelo povo, não podendo ficar por lá mais que dez).
Assim, todo o funcionamento democrático em Espanha (eleições, separação de poderes, etc) está sujeito à aceitação de um poder superior que não emana da população do país.
A minha opinião negativa acerca da fraca democracia espanhola provém ainda da inqualificável perseguição que Garzón fez a quem queria expressar ideias políticas separatistas. Sem quaisquer provas factuais de envolvimento com actos terroristas, Garzón conseguiu proibir partidos, assente na única convicção de que as ideias que defendiam não eram bem aceites pelo estado! Em que país democrático é possível fazer-se isto? Em que país democrático não assiste aos arguidos o direito de recurso?
Para além da aceitação implícita da condenação por delito de opinião, um facto recente veio atestar as suspeitas anteriores: o primeiro-ministro Zapatero assumiu ter ordenado a prisão de um General que havia proferido algumas afirmações polémicas. Esta notícia correu mundo sem que ninguém se deixasse impressionar pelo flagrante desrespeito pela separação entre poder judicial e executivo, facto bem mais relevante na definição de uma democracia que qualquer votação ou acto eleitoral! Um primeiro ministro agora ordena detenções?!
Entretanto, este interessante artigo suporta a minha teoria da confusão oligárquica que grassa no país vizinho.
Começa a ser preocupante ver gente a ser condenada em Espanha por delito de opinião, ver os partidos políticos de esquerda a serem proibidos na República Checa, ver gente ser presa por defender interpretações da história diferentes do main-stream (como o recente historiador que foi condenado na Áustria). E tudo na UE.