«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

quinta-feira, março 02, 2006

Democracia

Não reconheço a Espanha como um estado democrático por uma razão fundamental: o detentor do poder político máximo, aquele que pode dissolver a assembleia, aquele que pode demitir o governo, enfim aquele que pode mudar o regime político se assim o entender, não é votado pelo povo, mas antes escolhido por herança de sangue - o Rei.
É certo que o actual Rei é uma pessoa razoável, que opta por não exercer a sua força de mais alto magistrado, que lutou pelo politicamente razoável status quo e que nunca alteraria o regime no sentido da concentração dos poderes. Mas a verdade é que isso não é garantido para os próximos reis, não é garantido para a generalidade das pessoas que ocuparão esse cargo no futuro, já que o cargo é vitalício e não sujeito a plesbicito universal (como em Portugal, por exemplo, em que o magistrado máximo, detentor do poder político máximo, é votado a cada cinco anos pelo povo, não podendo ficar por lá mais que dez).
Assim, todo o funcionamento democrático em Espanha (eleições, separação de poderes, etc) está sujeito à aceitação de um poder superior que não emana da população do país.
A minha opinião negativa acerca da fraca democracia espanhola provém ainda da inqualificável perseguição que Garzón fez a quem queria expressar ideias políticas separatistas. Sem quaisquer provas factuais de envolvimento com actos terroristas, Garzón conseguiu proibir partidos, assente na única convicção de que as ideias que defendiam não eram bem aceites pelo estado! Em que país democrático é possível fazer-se isto? Em que país democrático não assiste aos arguidos o direito de recurso?
Para além da aceitação implícita da condenação por delito de opinião, um facto recente veio atestar as suspeitas anteriores: o primeiro-ministro Zapatero assumiu ter ordenado a prisão de um General que havia proferido algumas afirmações polémicas. Esta notícia correu mundo sem que ninguém se deixasse impressionar pelo flagrante desrespeito pela separação entre poder judicial e executivo, facto bem mais relevante na definição de uma democracia que qualquer votação ou acto eleitoral! Um primeiro ministro agora ordena detenções?!
Entretanto, este interessante artigo suporta a minha teoria da confusão oligárquica que grassa no país vizinho.
Começa a ser preocupante ver gente a ser condenada em Espanha por delito de opinião, ver os partidos políticos de esquerda a serem proibidos na República Checa, ver gente ser presa por defender interpretações da história diferentes do main-stream (como o recente historiador que foi condenado na Áustria). E tudo na UE.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Querido amigo, respeto tu opinión. Pero permíteme decirte -sin acritud- que la misma es apresurada y carente de toda documentación. Es cierto que al Rey corresponde, entre otras, convocar y disolver las Cortes Generales (Asambleas) y convocar elecciones o nombrar al Presidenteby poner a sus funciones, pero siempre en los "términos previstos en la Constitución". Que no son otros que loque proponga, bien el Presidente del Gobierno, bien las Cortes Generales. Es decir: que el rey es un mero símbolo.
Sobre el resto...insisto, por respeto a ti, me abstengo de comentar nada. Sólo un consejo cariñoso: procura ilustrarte y documentarte correctamente. La ignorancia es muy atrevida.
Saludos cordiales desde España

3:33 da manhã  
Blogger JD said...

A Distinta e Castelhana Lata anónima também é bastante atrevida, mas pouco honesta.

1 - em todas as agências noticiosas apareceu a seguinte notícia: "O ministro da Defesa espanhol, José Bono, ordenou ontem a detenção domiciliária, por oito dias, do chefe do exército, tenente-general José Mena Aguado, o qual será destituído do cargo", seguida de declarações de Zapatero que se iniciavam da seguinte maneira "Sim, o governo ordenou a detenção...". Ora, se isto não é confusão total entre poder judicial e executivo, então o que é? Onde esteve a fase de inquérito? Onde está o registo das medidas de coacção do tribunal militar? Por outro lado, basta ir q quaisquer tratados democráticos para perceber que a separação integral do estado de direito é um bem mais essencial ao estado democrático que o acto eleitoral.

2 - De facto, o Rei apenas pode dissolver as cortes gerais baseado nos termos previstos na constituição. Acontece que, tal como em Portugal, esses termos são muitíssimo abrangentes, permitindo um interpretação lata e quase livre. Mau funcionamento e fraco relacionamento das instituições do estado, crise política flagrante, evidências de diferendos de opinião graves entre povo e governo, até mesmo incumprimento das promessas eleitorais do governo (e todos sabemos que podia sempre pegar-se por aí...)

3 - quanto às disparatadas cavalgadas de Garzón, as mais recentes investigações (mesmo aquelas que lhe apresentei no texto em link do post) acabam por me dar razão e prometem dar ainda mais.

Documentação não me falta.

1:47 da tarde  
Blogger JD said...

já agora, ficam umas perguntas quanto à democracia espanhola:

- ?porque é que o estado Espanhol não respeita um tratado internacional legal e em vigor e desanexa Olivença e demais territórios envolventes, devolvendo-os, como diz a lei, a Portugal?

- ?porque é que, ao mesmo tempo que recusa a legalidade internacional para com Portugal, a Espanha insiste em manter pequenas feitorias coloniais, arcaicas e ultrajantes em território africano?

- ?porque é que, ao mesmo tempo que o faz, tenta a todo o custo mostrar que não é justa a existência de Gibraltar (dois pesos duas medidas)?

- e, como a democracia é a voz do povo, ?porque não tem a Espanha democrática a coragem de fazer referendos na Catalunha, Comunitat Valenciana, Galiza e País Basco, por forma a saber a opinião das populações acerca de uma eventual independência total destes territórios?

- ?porque não aceita a Espanha, ao contrário do que dizem os linguistas, que o Galego é um sotaque do português?

2:09 da tarde  

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