«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Da declaração de candidatura

"Há um direito à esperança. E há uma esperança que não fica à espera, antes se transforma em acção, em trabalho e em luta. Organizar para lutar, resistir para crescer, unir para vencer, transformar Portugal num país mais livre, mais justo e mais fraterno."
Jerónimo de Sousa

Camilo Castelo Branco

Em Camilo, quase gosto mais dos livrinhos de polémicas que dos romances. Aí, o grande escritor não tem que se preocupar com qualquer trama ou pathos, dando apenas asas à sua fácil escrita argumentativa. É nestes opúsculos que nos aparecem as pérolas mais honestas e hilariantes do grande romancista.
"A Senhora Ratazzi", por exemplo, é um livro cheio de suculentos pormenores machistas, tais como:
"Eu, criado no velho noticiário, tendo de anunciar o produto duma dama dado à luz, antes quisera, em vez dum livro bom, anunciar um menino robusto. Acho muito mais simpática a feminilidade das mães pálidas, com olheiras, emaciadas, que aconchegam dos seios exuberantes a criancinha rosada recém-nascida."
ou
"Mulher escritora, por via de regra pouco exceptuada, é um homem por dentro. O coração, que devia ser urna de suavíssimas lágrimas, faz-se-lhe botija de tinta; e as doces penas de alma metalizam-se-lhe aguçadas em penas de aço. O fuso de Lucrécia e da rainha Berta desfez-se em canetas. Em vez de tecerem o seu bragal, urdem intrigas. Suspiram publicamente em 8º português, 250 páginas; e, quando não suspiram, bufam cóleras represadas; dizem que têm ideias, que se querem emancipar, muito escamadas, naturalistas, com um grande ar de pimponas que entraram no segredo dos processos;"
onde se poderão ainda encontrar curiosos mimos ao Sr. Teófilo Braga, bem clarificadores da opinião que Camilo tinha deste suposto intelectual:
"A favor da Sra. Ratazzi têm saído uns poucos periódicos fainantes, sarjetas por onde tresandam os seus fedores as fezes literárias de Lisboa. São os órgãos da ralé sarrafaçal, uns madraços desencadernados que vivem na gandaia política, engenhando repúblicas carnavalescas. É nesse periódicos de mixórdias plebeias até ao asco que o Sr. Teófilo Braga se esconde a escrever, com em parede de latrina, uns desabafos pelintras de quem não acha na imprensa séria fontículos por onde supurar o pus. A princesa pode contar com este panegirista."
E ficam prometidos mais alguns excertos desta e doutras polémicas.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Socialismo

Agradecido ao blog www.ocomunista.blogspot.com

CUBA JÁ CUMPRIU 3 DOS 8 OBJECTIVOS DO MILÉNIO

"Sob embargo comercial há décadas, o país aposta em políticas sociais e atinge indicadores socieconómicos semelhantes aos da Europa"
"Cuba já cumpriu os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio de educação, igualdade de género e mortalidade infantil; deve atingir os de pobreza, saúde materna e HIV/Aids; e, se investir em ações específicas, pode alcançar os dois restantes, de sustentabilidade ambiental e parcerias para o desenvolvimento.
A avaliação é de um estudo elaborado pelo escritório do PNUD no país, que concluiu que, apesar do isolamento comercial [forçado*], a nação comandada por Fidel Castro tem tido um bom desempenho socioeconómico"."O Segundo Relatório de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio do PNUD de Cuba atribui o desempenho cubano ao modelo social do país(...). “A população, mesmo a de menor renda, tem acesso a bens e serviços que não estão ao alcance dos pobres de outros países em desenvolvimento”, afirma o relatório"."Esses benefícios têm gerado resultados que deixam a ilha de Cuba mais próxima da Europa que da América Latina.
A taxa de mortalidade infantil do país é de 5,8 mortes a cada mil nascidos vivos, semelhante à da Irlanda (6,0)(...). Praticamente todos (99,9%) os partos são acompanhados por pessoal especializado. A proporção de crianças matriculadas no ensino fundamental é de 99,4%, melhor que a da Austrália (97%) e do Canadá (98%), e, de todos os alunos que ingressam na 1ª série, 98,5% chegam à 5ª série — mais que na França (98%). Além disso, cerca de 95% da população tem acesso a saneamento, porcentagem equivalente à da Hungria".

Por fim.

Para acompanhar o regresso do César Viana ao Bajja, também eu voltei ao Palácio dos Balcões.

E logo com Ary dos Santos.

"Em nome dos nossos braços
em nome das nossas mãos
em nome de quantos passos
deram os nossos irmãos.
Em nome das ferramentas
que nos magoaram os dedos
das torturas das tormentas
das sevícias dos degredos.
Em nome daquele nome
que herdámos dos nossos pais
em nome da sua fome
dizemos: não passam mais!

E em nome dos milénios
de prisão adicionada
em nome de tantos génios
com a voz amordaçada
em nome dos camponeses
com a terra confiscada
em nome dos Portugueses
com a carne estilhaçada
em nome daqueles nomes
escarrados nos tribunais
dizemos que há outros nomes
que não passam nunca mais!

Em nome do que nós temos
em nome do que nós fomos
revolução que fizemos
democracia que somos
em nome da unidade
linda flor da classe operária
em nome da liberdade
flor imensa e proletária
em nome desta vontade
de sermos todos iguais
vamos dizer a verdade
dizendo: não passam mais!

Em nome de quantos corpos
nossos filhos foram feitos.
Em nome de quantos mortos
vivem nos nossos direitos.
Em nome de quantos vivos
dão mais vida à nossa voz
não mais seremos cativos:
o trabalho somos nós.

Por isso tornos enxadas
canetas frezas dedais
são as nossas barricadas
que dizem: não passam mais!

E em nome das conquistas
vindas dos ventos de Abril
reforma agrária controlo
operário no meio fabril
empresas que são do estado
porque o seu dono é o povo
em nome de lado a lado
termos feito um país novo.

Em nome da nossa frente
e dos nossos ideiais
diante de toda a gente
dizemos: não passam mais!

Em nome do que passámos
não deixaremos passar
o patrão que ultrapassámos
e que nos quer trespassar.
E por onde a gente passa
nós passamos a palavra:
Cada rua cada praça
é o chão que o povo lavra.
Passaremos adiante
com passo firme e seguro.
O passado é já bastante
vamos passara ao futuro."