Copiar sucessos...
Durão Barroso quis seguir o modelo de desenvolvimento Irlandês. Desregulamentou a segurança social e desprotegeu os trabalhadores do ímpeto lucrativo das confederações patronais. Porque a Irlanda fez, e aparentemente resultou...
Esqueceu-se foi de copiar a Irlanda naquilo que os próprio irlandeses consideram ser a chave do seu sucesso: o ensino gratuito até ao nível dois de ensino superior, ou seja até à Licenciatura.
Mas qual sucesso? Quem já foi à Irlanda e viu gente com 70 anos a trabalhar em caixas de supermercado porque a reforma lhe foi tirada subitamente, quem já viu gente doente a varrer as ruas de Cork porque de repente lhe foi retirado o suporte social para medicamentos, entre tantas outras misérias que, em nome do desenvolvimento das empresas, da competitividade e da flexibilidade, se vêem na Irlanda de hoje em dia, percebe que o sucesso talvez seja apenas aparente. Acredito que haja algum sucesso de empresas irlandesas nos mercados de capitais; acredito que os seus indicadores económicos vão de vento em popa. Mas a realidade, essa não está representada em quaisquer indicadores e, depois de ir lá, sei bem que não trocava o meu sub-desenvolvimento português pelo suposto desenvolvimento irlandês.
Mas isso são outras histórias.
Hoje Sócrates tem outro modelo: o Finlandês. O que será que vai copiar? Será que vai ter a coragem de trazer o que em baixo descrevo para Portugal?
retirado do briteiros:
"Como referimos aqui, a Finlândia é a campeã do mundo da educação. Independente desde 1917, após oito séculos de domínio sueco e um século de domínio russo, a educação foi sempre um dever nacional, para resistir ao niilismo. Hoje, mais do que nunca, para alimentar uma economia de ponta, que exige engenheiros altamente qualificados, o país faz tudo para dar boas condições aos seus alunos: a escola é gratuita, bem como os transportes escolares e os almoços. Os horários são suaves: as aulas começam às 8 horas e terminam às 13. A escolaridade é obrigatória dos 7 aos 16 anos e o abandono escolar é praticamente inexistente.Quanto, apesar de todos os esforços, aparecem casos de insucesso escolar, nem pensar em fazê-los repetir o ano, prática demasiado estigmatizante e contraproducente. Um problema de dislexia, uma estagnação na matemática, uma timidez paralisante, ou simplesmente o facto de falar mal finlandês? Neste caso, professores especializados, dois ou três por estabelecimento, ocupam-se destes alunos em aulas particulares, dando assim uma mãozinha ao professor da classe.
À semelhança dos alunos finlandeses, também os professores não se podem queixar. Especializados ou não, frequentaram todos cinco anos de estudos superiores, no mínimo. A formação contínua é obrigatória ao longo da vida e fora do horário de trabalho. A profissão é apreciada, não tanto pelos salários modestos (entre 2200 e 3000 euros mensais), mas pelo reconhecimento social e pelas boas condições de trabalho. Nos estabelecimentos escolares, a sala dos professores revela um luxo de fazer empalidecer de inveja os seus colegas portugueses. Trata-se duma espécie de quartel general, que agrupa a administração, o gabinete do director, a grande sala comum com mesas e sofás confortáveis, plantas, café, bolinhos... Há mesmo um vestiário, canto de cozinha, sala de informática e sala de trabalho, para aqueles que preparam as aulas na escola.Já estamos a imaginar os mais críticos a perguntarem-se: pois é... mas quanto é que tudo isso deve custar? Pois bem: as despesas finlandesas na educação não são superiores às nossas. O dinheiro é que é utilizado de modo diferente. O sistema é completamente descentralizado. O Ministério da Educação conta com uns escassos 300 funcionários. Os estabelecimentos escolares são financiados, em pouco mais de metade, pelo Estado e, no restante, pelos orçamentos das 446 autarquias finlandesas. O director e os professores decidem tudo: as compras, os trabalhos a realizar, as actividades dos alunos. São também eles que definem os conteúdos e os programas nas diferentes matérias, em concertação com as autarquias, dentro do âmbito alargado dos programas fixados pelo Ministério todos os quatro anos. Outra heresia, vista de Portugal, a escola encarrega-se do recrutamento dos professores. A ideia que um professor possa, como aqui, cair de paraquedas num estabelecimento, sem ter sido escolhido pela equipa dos professores locais parece ser no mínimo absurda. Quando aparece uma vaga, o director recebe directamente dezenas de candidaturas que convoca para entrevistas. O candidato escolhido deverá ter os mesmos objectivos do resto da equipa, para melhor trabalharem em conjunto.
Numa altura em que o “modelo nórdico” paira sobre as ambições dos nossos políticos mais destacados, e em pleno período de preparação do próximo ano lectivo, talvez não fosse má ideia começarmos a reflectir sobre a melhor maneira de fazer evoluir o nosso controverso sistema escolar, com base em exemplos de sucesso."
Esqueceu-se foi de copiar a Irlanda naquilo que os próprio irlandeses consideram ser a chave do seu sucesso: o ensino gratuito até ao nível dois de ensino superior, ou seja até à Licenciatura.
Mas qual sucesso? Quem já foi à Irlanda e viu gente com 70 anos a trabalhar em caixas de supermercado porque a reforma lhe foi tirada subitamente, quem já viu gente doente a varrer as ruas de Cork porque de repente lhe foi retirado o suporte social para medicamentos, entre tantas outras misérias que, em nome do desenvolvimento das empresas, da competitividade e da flexibilidade, se vêem na Irlanda de hoje em dia, percebe que o sucesso talvez seja apenas aparente. Acredito que haja algum sucesso de empresas irlandesas nos mercados de capitais; acredito que os seus indicadores económicos vão de vento em popa. Mas a realidade, essa não está representada em quaisquer indicadores e, depois de ir lá, sei bem que não trocava o meu sub-desenvolvimento português pelo suposto desenvolvimento irlandês.
Mas isso são outras histórias.
Hoje Sócrates tem outro modelo: o Finlandês. O que será que vai copiar? Será que vai ter a coragem de trazer o que em baixo descrevo para Portugal?
retirado do briteiros:
"Como referimos aqui, a Finlândia é a campeã do mundo da educação. Independente desde 1917, após oito séculos de domínio sueco e um século de domínio russo, a educação foi sempre um dever nacional, para resistir ao niilismo. Hoje, mais do que nunca, para alimentar uma economia de ponta, que exige engenheiros altamente qualificados, o país faz tudo para dar boas condições aos seus alunos: a escola é gratuita, bem como os transportes escolares e os almoços. Os horários são suaves: as aulas começam às 8 horas e terminam às 13. A escolaridade é obrigatória dos 7 aos 16 anos e o abandono escolar é praticamente inexistente.Quanto, apesar de todos os esforços, aparecem casos de insucesso escolar, nem pensar em fazê-los repetir o ano, prática demasiado estigmatizante e contraproducente. Um problema de dislexia, uma estagnação na matemática, uma timidez paralisante, ou simplesmente o facto de falar mal finlandês? Neste caso, professores especializados, dois ou três por estabelecimento, ocupam-se destes alunos em aulas particulares, dando assim uma mãozinha ao professor da classe.
À semelhança dos alunos finlandeses, também os professores não se podem queixar. Especializados ou não, frequentaram todos cinco anos de estudos superiores, no mínimo. A formação contínua é obrigatória ao longo da vida e fora do horário de trabalho. A profissão é apreciada, não tanto pelos salários modestos (entre 2200 e 3000 euros mensais), mas pelo reconhecimento social e pelas boas condições de trabalho. Nos estabelecimentos escolares, a sala dos professores revela um luxo de fazer empalidecer de inveja os seus colegas portugueses. Trata-se duma espécie de quartel general, que agrupa a administração, o gabinete do director, a grande sala comum com mesas e sofás confortáveis, plantas, café, bolinhos... Há mesmo um vestiário, canto de cozinha, sala de informática e sala de trabalho, para aqueles que preparam as aulas na escola.Já estamos a imaginar os mais críticos a perguntarem-se: pois é... mas quanto é que tudo isso deve custar? Pois bem: as despesas finlandesas na educação não são superiores às nossas. O dinheiro é que é utilizado de modo diferente. O sistema é completamente descentralizado. O Ministério da Educação conta com uns escassos 300 funcionários. Os estabelecimentos escolares são financiados, em pouco mais de metade, pelo Estado e, no restante, pelos orçamentos das 446 autarquias finlandesas. O director e os professores decidem tudo: as compras, os trabalhos a realizar, as actividades dos alunos. São também eles que definem os conteúdos e os programas nas diferentes matérias, em concertação com as autarquias, dentro do âmbito alargado dos programas fixados pelo Ministério todos os quatro anos. Outra heresia, vista de Portugal, a escola encarrega-se do recrutamento dos professores. A ideia que um professor possa, como aqui, cair de paraquedas num estabelecimento, sem ter sido escolhido pela equipa dos professores locais parece ser no mínimo absurda. Quando aparece uma vaga, o director recebe directamente dezenas de candidaturas que convoca para entrevistas. O candidato escolhido deverá ter os mesmos objectivos do resto da equipa, para melhor trabalharem em conjunto.
Numa altura em que o “modelo nórdico” paira sobre as ambições dos nossos políticos mais destacados, e em pleno período de preparação do próximo ano lectivo, talvez não fosse má ideia começarmos a reflectir sobre a melhor maneira de fazer evoluir o nosso controverso sistema escolar, com base em exemplos de sucesso."
4 Comments:
Sim, os exemplos de sucesso normalmente só são mostrados em parte. Não aparece nos jornais que qualquer aluno do ensino superior na suécia, finlândia e dinamarca recebe uma bolsa a fundo perdido suficiente para viver com qualidade em qualquer destes países. Adicionalmente, o aluno ainda pode pedir um empréstimo ao estado que lhe permite ter uma vida completamente independente. A dívida será saldada apenas quando entrar no mercado de trabalho.
Por isso é que não é difícil ver tantos imigrantes a estudar na universidade, sem os comuns problemas sul-europeus de integração: a universidade é uma saída para quem está desempregado. É notável, porque mais tarde, quando se tem já um curso torna-se muito mais fácil encontrar emprego. Matam-se logo os dois coelhos
Quem escreveu o anterior foi o zé miguel, mas estava com uns problemitas com a internet e não teve tempo de assinar
Só mais um comentário pequeno, um pormenor: a suécia só existe desde o século XVII, antes disso era uma colónia desse pequenino e imperialista reino da dinamarca. Que continua pequenino e imperialista, colonizando as ilhas Faroe, Gronelandia e culturalmente a Islândia.
Tudo isto porque no Briteiros se dizia que a suécia ocupou a finlândia por oito séculos, o que é mentira.
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