«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Pluralidade democrática em órgãos de soberania

Como já tinha referido num post anterior, a Junta Metropolitana de Lisboa debate-se com um problema gravíssimo: a democracia. PS e PSD gostam de democracia, desde que quem ganhe não seja o PCP. E foi o PCP que ganhou.
Quem viu a animosidade extrema com que Carrilho tratou Carmona no debate da SICN para a eleição de Lisboa, ficará concerteza surpreso de o PS estar agora a apoiar... Carmona para a presidência da JML. Engolem um sapo, mas tudo vale para que "o PCP não consiga a presidência" (sic.), como lhe é democraticamente legítimo, aliás. PS e PSD juntos conseguem assim a proeza de ter 9 câmaras contra as 8 da CDU.
Mas Carmona desistiu. E porquê? Porque não quer ser o actor principal de uma JML moribunda, com morte anunciada a breve prazo. Morte anunciada a breve prazo? Mas eu nunca tinha ouvido falar de tal coisa!
Pois é. Como
a JML presidida por um partido de causas (PCP/PEV) iria exigir transparência total no que toca a projectos como OTA, nova travessia do Tejo, expropriações nas zonas referentes a estas obras, negócios comerciais envolventes (tais como concessões de obra, de exploração de auto-estradas ou licenças de abertura de novos centros comerciais), projectos turísticos grandiosos em paisagens protegidas ou regulamentação da taxa de construção civil; como a JML presidida pelo PCP iria ter em conta as opiniões dos autarcas e dos cidadãos, e não só a dos intervenientes económicos, aquando da tomada de posições;
acaba-se com a JML, reformulando-a em sede de assembleia da república.
É a nova solução de PS/PSD para contornar o problema da eleição democrática dentro da JML: acaba-se com o órgão.
Pois é.