«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Portugal em acção

A DECO revelou que o governo vai acabar com o limite ao valor da inflação dos aumentos das tarifas eléctricas para o mercado doméstico. Tal vai levar a um aumento em 17% das contas domésticas. Referem também que apenas os consumidores domésticos irão suportar os custos da política de fomento das energias renováveis, ficando as empresas isentas desse custo, uma exclusão certamente condicionada por pressões dos grandes interesses económicos. E eles agradecem : "A Associação Empresarial de Portugal (AEP), a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) registam a sensibilidade demonstrada pelo Governo ao atender às suas preocupações relativamente ao aumento dos preços da energia eléctrica para os consumidores industriais."
Mais Livre
Ou seja:
1 - numa medida de protecção ambiental, a UE fixou que a energia produzida de geradores eólicos tem de ser necessariamente comprada pela EDP a preços superiores ao mercado e previamente estipulados. Os grandes grupos económicos apostaram forte neste negócio da China, onde apenas eles podem ter condições de investimento inicial, mas onde os ganhos fazem parecer os geradores eólicos verdadeiras máquinas de imprimir dinheiro.
2 - este sistema de proteccionismo de energia limpa tem custos elevados, já que a diferença de preço da energia que a EDP tem de pagar é compensado por um fundo estatal para o efeito.
3 - as empresas viram-se agora livres de contribuir para esse fundo, ficando esse encargo apenas à responsabilidade dos consumidores.
Conclusão: para os consumidores os preços de energia estão liberalizados, o que quer dizer que vão ser aumentados, e serão acrescidos do encargo do pagamento do fundo para a energia limpa, de que as empresas ficaram livres. Por outro lado, se o mercado para os consumidores está completamente liberalizado, já o mercado para as empresas produtoras de enrgia eólica é regido por normas de preço fixo, sempre superior à restante energia elétrica, que lhes garantem enormes lucros a curto, médio e longo prazo. As mesmas empresas que agora ficaram livres de contribuir para esta discrepância. Realmente o liberalismo é porreiro...
E quem é o administrador executivo da EDP? Quem é, quem é? Foi o povo que o votou?
Não.
É António Mexia, do governo PPD/PP anterior, defendendo os interesses de gente tão preocupada com o bem-estar nacional como BES, BCP, Stanley Ho e grupo Mello (sempre há Mello, onde há PPD).
E vamos lá conhecer a família desta gente do anterior governo (e que revela também bastante deste...).
Mas há mais. Existe uma ténue hipótese de Sampaio não promulgar o documento com as mencionadas medidas. Mas agora pensemos no futuro... se fosse Cavaco, promulgaria? A resposta está na sua comissão de honra de campanha que inclui, imagine-se, dirigentes da CIP, da CEP, da AEP e da AIP. Precisamente os senhores que em cima agradeceram a Sócrates a passagem de encargos ambientais para a exclusividade dos consumidores.