«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

sexta-feira, junho 10, 2005

Orquestra Sinfónica Juvenil

Entretanto gostava de falar de um acontecimento cultural que teve lugar esta semana. Não se trata de um concerto dos Madredeus ou da Mariza, no entanto, e apesar de não atingir concerteza os padrões de qualidade artística destes - pelo menos a avaliar pela importância que os órgãos de comunicação lhe concedem -, arrisco o elogio.
A Orquestra Sinfónica Juvenil apresentou quarta-feira a obra "Hymnem" de Stockausen em estreia nacional na Culturgest. No dia seguinte apresentou em estreia absoluta a Sinfonia de Bochmann, compositor português que muito deu - e continua a dar - a este país.
Não estando o repertório deste jardim à beira mar plantado absolutamente lotado de obras sinfónicas de grande porte, bem pelo contrário, julgo que o processo de encomenda da Sinfonia de Bochmann por parte de Vitor Mota (OSJ), a consequente angariação de fundos para a produção e a apresentação ao vivo por parte da Orquestra Sinfónica Juvenil constituem acções de grande importância para a cultura portuguesa.
Todos sabemos como é difícil produzir boa música em Portugal, todos sabemos que não há dinheiro para manter sequer grupos de música de câmara por muito tempo, sendo muito mais difícil ainda manter uma orquestra regularmente durante 30 e tal anos, ainda mais difícil fazê-la apresentar cerca de 30 concertos por ano e ainda manter actividade discográfica, quase impossível interpretar música contemporânea, muito menos verosímil fazer estreias nacionais de grande obras sinfónicas mundiais do século XX e verdadeiramente inatingível juntar orçamentos para encomendar obras de grande porte que honrem a música portuguesa, o público português, enfim o repertório nacional.
Pois o Vitor Mota conseguiu tudo isto. A Orquestra Sinfónica Juvenil não vale só pela extrema importância dos concertos desta semana na Culturgest. Vale por ser a orquestra sinfónica mais antiga do país, vale por ter servido de incubadora a centenas de músicos solistas, de câmara, instrumentistas de orquestra, professores, etc, etc, vale por ter conseguido ganhar um lugar de referência no meio musical português, vale por se ter aguentado firme durante muitas gerações perante adversidades várias. Nunca a falta de dinheiro para se pagar a músicos, a falta dos próprios músicos, a falta de maestro, a falta de concertos, a falta de sede administrativa, a falta de telefone, a falta de instrumentos ou a falta de locais de ensaio abalaram a crença firme do seu director na prossecução deste projecto.
Claro está, nada comparado a um "recital" do último álbum dos Madredeus.
E isto na semana em que o Luís Represas e a Leonor Pinhão foram condecorados pelo presidente da República.
Nada mais a dizer.

2 Comments:

Blogger pb said...

Uma vergonha este país!
Hoje ao confrontar-me com a visão da Marisa na RTP 1 logo depois da, de Siza e do Saramago, fiquei revoltado! Serviço público isto? Quanto a Madredeus desliguei pura e simplesmente a televisão para não me incomodar mais. Detesto ouvir gatos a miar! Em relação a Sampaio, desde se ligou de forma inequívoca ao futebol na altura das bandeiras, deixei de o ver como a mais alta figura do estado.
Tanto sítio para nascer logo havia de nascer aqui...

5:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Felizmente que ainda há quem reme contra a maré.
Não sei quanto mais tempo nos iremos aguentar, mas enquanto houver forças... rememos.

10:14 da tarde  

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