Ainda o Papa
Já que continua assunto da moda, cá vai.
Camilo, ao escrever o Perfil do Marquês de Pombal, tinha na memória o Concílio do Vaticano I ainda bem fresco e bem representado por um dos seus dogmas mais patéticos: a infalibilidade do papa. Este escritor que dá um invulgar valor à espiritualidade e que era assumidamente católico, conseguia, ainda assim, vislumbrar claramente os limites do ridículo. No dito livro diz então Camilo:
"Verney foi vitimado, como agente de negócios em Roma, [...]. Clemente XIII expulsara-o, como infante, de Roma, e Clemente XIV, a pedido do ministro português, reabilitou-o, e nobilitou-o com a ordem equestre de Esporão de ouro. Que papas! Chega a gente a recear que os dois não fossem perfeitamente infaliveis!"
Camilo Castelo Branco.
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