«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

domingo, abril 17, 2005

Estou confuso...

Na RTP1 (canal do estado) Luís Represas tem direito a um piano de cauda para o acompanhar. Ao mesmo tempo, dezenas de Auditórios Municipais não podem receber bons pianistas por não terem instrumentos decentes. Dezenas de bons alunos não se podem apresentar dignamente nos seus conservatórios por falta de condições... Terá sido o dinheiro que se gastou no piano de cauda para acompanhar o Luís Represas e no material para Operação Triunfo...
Na RTP2 (suposto canal de cultura do estado), simultaneamente, é transmitido um concerto dos Blasted Mechanism como sendo um produto erudito...
E o Lou Reed inaugura a casa da música.
E o Jorge Sampaio leva o Rodrigo Leão a Paris como representante da cultura portuguesa.
?...

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não sei se estou confuso. Perturbado e cansado, com certeza. Confesso que as questões levantadas podem ser ambíguas. Acho que tudo isso tem a ver com o facto de poucos responsáveis terem realmente pensado sobre quais os objectivos que levem a que se gaste tanto dinheiro nestes domínios. Porque se calhar o problema não é, pontualmente, o Lou Reed, que até poderia lá estar e a que, aqui ou ali, até acho alguma piada. O problema é que nesse panorama provinciano e novo-rico que cruamente mostras ressalta a auto-satisfação parola e ignorante de quem gosta de mostrar os Mercedes mas nem lava a cara de manhã...

10:17 da tarde  
Blogger JD said...

Sim.
Não faz mal gostar do Lou Reed ou dos Blasted Mechanism. Que eu até gosto.

O problema é a confusão total de critérios ao achar que estes vão fazer evoluir a cultura portuguesa.

11:35 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Fala-se do papel do estado em relação à cultura, certo? Levem lá, então, com o meu contributo para a matéria.
Muito resumidamente, o que eu acho é que o estado devia era estar quetinho.E porquê? Porque o Estado não tem de pôr a pata no que se refere à cração artistica.Se assim não for,quais os critérios, qual a a justificação politica para ele nos apresentar Luis represas e não o João Pedro Pais? E como decidir entre Quim Barreiros e Brigada Vitor Jarra? Serão os critérios baseados na receptividade comercial? No bom gosto ? Mas de quem? Dos contribuintes que pagam a casa da música ou dos senhores directores artisticos dos auditórios, casas de música e afins?
Urge adoptar, issencialmente, uma politica de conservação e de divulgação do património cultural existente e ajudar a criar condições para o florescimento de indústrias(sim, indústrias)de criação artistica que tornem viável um verdadeiro mercado cultural sem a ajuda dos tostões do Estado. Só assim teremos uma verdadeira cultura. Diversicada, livre e caótica. Como toda a arte deve ser. Até lá, não passaremos de um pais de parasitas e de pseudo-artistas que vive segundo as orientações estético-politicas dos Senhores do MC.

O Liberal

4:21 da tarde  
Blogger JD said...

Caro senhor Liberal:

Já que falamos de cultura, essencialmente escreve-se com E e não com I.

Nunca me ouviu defender o sistema de subsídios de estado para artistas.

Mas ainda me há-de explicar como é que a cultura artística poderá sobreviver em indústria.

Uma orquestra custa 10 000 contos por mês. Explique-me como é que iria haver sinfonias de beethoven sem orquestras e como é que o mercado da música clássica gera 10000 contos por mês.

Pode-se sempre optar por não fazer nada. Afinal de contas nós existimos para o mercado e não é ele que existe para nós... não é assim que o senhor pensa? Nesse caso, se as sinfonias de beethoven não geram dinheiro suficiente para se pagarem, então não se tocam.

É para estas coisas que existe estado. O estado tem de financiar a cultura, mas não através de subsídios. Antes apoiando um mercado efectivo de arte erudita, e deixando a popular para o investimento comercial.

Sobre este assunto remeto-o para a segunda parte do meu post Política Cultural de 26 de Janeiro.

Já agora, como é hábito nos Liberais (mais naqueles que professam o liberalismo anglo-saxónico cego) o senhor parece-me estar a falar sem qualquer conhecimento de causa. Sem saber o que se passa na cultura. Aliás, para que é que ela serve? Será para entretenimento? Não. Para que será então? Contribuirá apenas para o desenvolvimento pessoal de alguns ou, através destes, para o desenvolvimento de todo o país?

Convém pensar antes de falar.

9:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro joão:
Peço-lhe desde já desculpa pela troca dos iis pelos ees mas, como blogger, sabe que a cadência dos posts e comentários mais ou menos imediatistas nos levam a tais gralhas. Mas em frente.
Por favor, não misture alhos com bugalhos. Eufiz uma distinção clara entre o património artistico assumido como culturalmente relevante para a comunidade(e que só uma maturação histórico pode aferir)da criação artística propriamente dita.
Falando mais terra a terra- e para ver se me compreende de vez- acho muito bem que o estado apoie uma orquestra para termos acesso ás obras de Mozart,acho uma chulice se o João receber do estado para compôr as suas peças. Quanto as suas definições de mercado e essas leves pinceladas acerca do liberalismo não passam de demagogia extrema acampanhada dos tipicos preconceitos anti liberais(o liberal é um economicista, o liberal é trombudo o liberal não sabe de cultura). Como liberal, não lhe peço para pensar antes de falar- aceito mercado de ideias livre e acho que o disparate é um bem transaccionável. Pedia-lhe era para ser um pouco mais humilde e democrático.

1:44 da tarde  
Blogger JD said...

Eu não componho peças. Mas se o fizesse não quereria qualquer subsidio. Quereria apenas ser o suficiente bom para que me encomendassem obras. Só que, quem encomenda é o estado. E o estado não encomenda ainda o suficiente para assegurar um crescimento artístico do país. Não me estou a preocupar com os compositores ou com os músicos, mas sim com a obra artística actual que queremos deixar para o futuro.

Nesse aspecto estamos completamente de acordo. Os subsidios à criação são dispensáveis por serem tão facilmente distorciveis.

A minha questão é que o estado financie a música rock e pop, que por definição tem um cariz industrial e empresarial... Será esta que o estado quer como representante dos nossos tempos?

1:57 da manhã  

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