Logos, Pathos, Ethos
Está definido desde a antiguidade clássica que a retórica é composta por estes três pilares fundamentais: Logos, Pathos e Ethos.
Pode, aliás, fazer-se uma história das civilizações através do peso extra que cada povo, em cada altura, atribui a cada um dos três pilares em deterimento dos outros.
De uma forma muito resumida, o Ethos consiste na credibilidade do orador. Na sua magnificiência, cultura, estado social, capacidade intelectual e em como se poderá usar estas qualidades intrínsecas para levar um auditório a acreditar numa verdade.
O Pathos representa o jogo com as paixões e emoções dos ouvintes. A forma como o orador se dispõe a conquistar os corações do seu público, fazendo-o prescindir do controle racional das opiniões.
O Logos representa o raciocínio lógico através do qual se convence o público de uma verdade.
Cícero, por exemplo, era acusado de utilizar abusivamente o seu Ethos e ser um exímio orador na utilização do Pathos, em deterimento do Logos. Como a retórica em geral nos afiança que não existe uma verdade apenas mas algumas verdades com boas probabilidades de serem aceites como tal pelo auditório, de facto o Logos pode perder a importância hegemónica que, à primeira vista, se lhe atribui.
Se, a priori, pensamos que o veículo mais rápido de convencer alguém de alguma coisa é demonstrar a sua inevitabilidade lógica, vemos depois que a verdade não é um ponto; é um intervalo fechado dentro do qual há zonas mais verosímeis e menos verosímeis.
Cícero nunca foi, no entanto, acusado de demagogia. O Logos pode ser um instrumento poderoso mas, para gente inteligente, nada vale sem o Ethos.
E na época em que vivemos qual o peso que os nossos oradores dão, de uma forma inconsciente, a cada um destes pilares?
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