«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

quinta-feira, janeiro 20, 2005

O que faz um pianista

Desde há muito tempo que julgo um pianista pela capacidade de tocar Schubert. Não tenho nenhum argumento racional para isso, mas é algo que fui descobrindo de uma forma empírica.
Chopin, Liszt, Schumann quase todos os bons intérpretes, de uma forma ou de outra, acabam por realizar satisfatoriamente. Até Mozart, com algum cuidado é sempre possível tocar de maneira razoável. Agora Schubert não; dê lá por onde der. Ou é genial, ou é um fracasso desmedido. Alguém consegue imaginar Martha Argerich a tocar a sonata "Relíquia"? Ou o grande Scziffra? Ou mais por cá, Artur Pizarro?!
Nesta linha, acho que há apenas quatro pianistas de excelente nível hoje em dia (justamente porque são os que conseguem construir algo nas obras de Schubert): Radu Lupu, Maurizio Pollini, Alfred Brendel e Maria João Pires, todos por razões diferentes. Radu Lupu e Maria João Pires pela leveza do toque, pela capacidade de fazer enormes frases ligadas, pela capacidade de fazer com que duas frases desiquilibradas soem exactamente simétricas e que duas iguais tenham um resultado emocional diverso. Pelo direccionamento que conseguem dar, sem nunca forçar qualquer direcção. Esta delicadeza torna-se mais impressionante na compleição física de Lupu.
Pollini trabalha a forma magistralmente. Não há pormenor de frase, de articulação de uma ou outra nota, que não tenha relação com o momento estrutural em que se está, e como aquele vai evoluir numa outra fase.
Alfred Brendel toca a partitura. Seriamente, de uma forma rigorosa e controlada. Segundo ele, se tudo for tocado com rigorosa articulação, intensidade e densidade, a música trabalhará por si própria, a hierarquia naturalmente surgirá, seja na linha individual, numa situação contrapontística ou na condução harmónica.
Quanto aos outros, apesar de verdadeiramente venerar alguns em certos tipos de repertório, causa-me arrepios imagina-los a tocar, digamos, a sonata D.959...
Tenho algum receio de falar de música no blog, apesar de ser este o meu modo de vida (não o blog!...), por temer que a indicutível cultura e capacidade de argumentação do Critico Musical me desmonte o discurso e me ataque as convicções.
Tenha piedade, desta vez...

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Observações interessantes no que respeita pelo menos a Schubert. Gosto muito do Radu Lupu e da M J Pires em particular. Mas acha que Schumann é realmente para todos os bons pianistas?

1:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Observações interessantes no que respeita pelo menos a Schubert. Gosto muito do Radu Lupu e da M J Pires em particular. Mas acha que Schumann é realmente para todos os bons pianistas?

1:41 da tarde  
Blogger José J.C. Serra said...

Prezados delgado e delgadito:

tenho-vos a dizer que essa coisa de publicarem um post só de vez em quando não tá com nada! Vamos lá a ver se cuidam dessa assiduidade!
Boas bloguices!

10:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

......pois é, isto de ter um blog de eleição que não posta nada durante dias a fio é frustrante!!
força nos blog, no piano e na História!

3:25 da tarde  

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