«مَا تَرَكْتُ بَعْدِي فِتْنَةً أَضَرَّ عَلَى الرِّجَالِ مِنَ النِّسَاء»

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Poema sobre insignificância IV

" O Marmelo

É de cor amarela,
como envergando
uma túnica de narcisos
e exala como o almíscar
de penetrante aroma.

Da amada tem o perfume
e a mesma dureza de coração,
mas tem a cor do amante
apaixonado e macilento.

A sua palidez
é um empréstimo
da minha palidez
e é o seu aroma
a hálito da minha amiga.

Quando, fragrante,
se ergueu no ramo
e mantos de brocado
lhe teceram as folhas,
suavemente,
estendi a minha mão,
colhendo-o
e, como aroma,
colocando-o na sala.

Tinha um vestido
de cinzenta penugem,
revoluteando
sobre seu liso corpo de ouro.

E quando, na minha mão,
ficou despido,
sem mais que sua camisa
da cor do narciso,
fez-me recordar
aquela que não posso nomear
e o ardor do meu alento
emurcheceu-o entre meus dedos."

Al-Mushafi, Séc.X

2 Comments:

Blogger p said...

Finalmente o elogio do Marmelo!

Vemos com alegria alguém fazer o muy esperado elogio ao marmelo, à marmelada e ainda por cima disfarçado de belo poema. O carácter marcadamente pornográfico poderá levar algumas frágeis almas a catalogar de "pornochachada", porém o marmelo,:
"A sua palidez
é um empréstimo
da minha palidez
e é o seu aroma
a hálito da minha amiga."
Aliás toda a gente sabe que o marmelo sabe ao hálito da amiga.
Contudo, houve algo que me atribulou a pacata alma! A que se referiria o poeta quando diz:
"E quando, na minha mão,
ficou despido,
sem mais que sua camisa
da cor do narciso,
fez-me recordar
aquela que não posso nomear
e o ardor do meu alento
emurcheceu-o entre meus dedos"???

9:00 da manhã  
Blogger Pedro said...

Delgadito:

Espero que me incluas na tua lista de links:

http://www.motherbloguer.blogspot.com/

É um blogue brejeiro qb, que podes não querer ver associado a tão prestigiado blogue, mas se não fizeres
vou dizer à minha mãe e à tua se for preciso.

Antonio

12:24 da tarde  

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