Contraste
A crise do Irão foi resolvida pela diplomacia europeia. A "crise" do Iraque foi resolvida pela diplomacia americana. Diferenças nos resultados?...A política é acusada de ser um meio de pressões, de trocas ilegítimas, de negociatas. Esquecemo-nos no entanto que esta foi criada pelo homem, apesar de todas as suas vicissitudes, com o intuito de revogar a violência gratuita e a lei do mais forte. A renúncia nuclear iraniana representou hoje o triunfo da política sobre o militarismo. Ainda que seja arriscado dizê-lo, a civilização europeia provou ser mais rentável que a barbárie americana.
10 Comments:
Ainda ontem publiquei um extracto de um texto do Vaclav Havel no Briteiros cuja conclusão é exactamente esta:
“A Europa deverá assumir plenamente as suas responsabilidades mundiais, em vez de acusar os Estados Unidos de todos os males do mundo contemporâneo.”
Aqui fica o (link).
Parabéns ao Palácio dos Balcões.
Sim, isso é verdade. Mas em termos sociais internos, no fundamentalismo dos governantes e das respectivas leis e imposições, o resultado é o mesmo! As burkas continuam no Afeganistão e no Irão. Os apedrejamentos, as condenações pelos motivos mais absurdos, a total ausência de direitos das mulheres (inclusivamente o direito à vida) são iguais nos dois países.
No Afeganistão houve umas mostras de melhorias há dois anos, mas foi só por vezes, e por estarem câmaras por perto.
E no Irão, aliás Pérsia, como dizem os homens e mulheres de lá oriundos que se encontram pela Europa, desde o golpe de estado fundamentalista que não muda nada. Os exilados continuam a pedir apoios ao ocidente para parar com as torturas, os desaparecimentos e as mortes que não páram. E os apoios não chegam.
Às vezes acho que os Europeus, em vez de ensinarem Civilização aos bárbaros, desaprendem a Civilização e juntam-se aos bárbaros.
Não sei se deva dar alvíssaras a uma promessa (da qual ainda falta ver o cumprimento) e que não muda em nada a vida das populações locais.
Esqueci-me de assinar... Helena Romão
Compreendo perfeitamente o que quer dizer. Acho igulamente que a Europa, ao contrário do que se pensa é um dos grandes veículos de promoção de violência àrabe no mundo (A Europa financia Israel indirectamente em maior escala do que os EUA o fazem directamente).
Contudo, em países como o Irão julgo ser este o caminho a seguir. A abertura poderá dar confiança à enorme facção moderada existente neste país. É melhor dar comércio e confiança que dinheiro a facções rivais...
João Pedro Delgado
Sim, claro que mais vale dar comércio do que armas, e também é claro que é um bom sinal. A questão é que uma parte da Resistência do Irão está no exílio, na Europa, a pedir auxílio, e nada. E por auxílio quero dizer apoio político, pressões sobre o governo do Irão, exigências de melhorias efectivas em direcção à democracia, quem sabe resoluções ou uma força da ONU.
Helena Romão
É a Helena Romão que eu conheço da ESML?
Bom. Eu concordo plenamente com quase tudo o que referiu. A pressão é de facto necessária. No entanto tenho muitíssimas reservas quanto às resoluções da ONU nesse sentido. Não acho que a Orhanização deva servir como patrocinador do sofrimento dos povos, como efectivamente se verificou, por exemplo, no Iraque, entre 91 e 2002.
Olá, João! Eu também estava na dúvida se o João Delgado eras tu!
Bem, é certo que na maior parte dos casos a ONU depois não exige o cumprimento das resoluções, e também é certo que na maior parte das vezes é um pau mandado do EUA. Mas quando os EUA agem sozinhos é pior.
Além disso, a ONU é a melhor alternativa que conheço, a única que pode tentar (só tentar) acabar com os problemas.
Só o comércio não chega, até porque isso depende da iniciativa individual dos países. Só resultaria se quase todos os países decidissem por iniciativa própria incentivar o comércio com o Irão (ou qualquer outro país com problemas), e teria que ser um comércio justo, e ñao apenas ir lá aproveitar-se da mão de obra quase escrava.
Helena Romão
É evidente que sim. O comércio não chega. Antes pelo contrário, é um veículo de abusos e exploração. Sou a favor do estado, do peso dos estados. Se os estados se enfraquecem em favor da actividade privada, a ONU deixa também ela de fazer sentido político. Sou um defensor de uma ONU mais forte que qualquer estado individualizado. Pode não ser a solução ideal, mas talvez seja a única.
Então qual é a discussão?! Parece que estamos a dizer a mesma coisa.
Helena Romão
Exacto.
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